Utopia – O Perfeccionismo Que Sufoca a Criatividade

“Vou aprender a tocar violão.” Essa foi minha promessa que fiz a mim mesmo.

Cresci assistindo aos clipes na MTV, assistia fascinado o músicos que pareciam tocar sem esforço. A destreza deles me encantava, e eu pensava: “Como seria tocar como eles?”

No início, meu entusiasmo era contagiante. Peguei o violão e comecei a explorar as primeiras notas. Mas, com o tempo, a frustração apareceu. Não sabia como avançar. Contratei um professor, e ele me apresentou um método. Decidi que, para alcançar meus ídolos, precisava da rotina perfeita. Planejei cada detalhe e me dediquei. Mesmo assim, quanto mais eu tocava, mais parecia distante daquela habilidade que admirava. Um dia, olhei para o violão e me convenci: “Nunca vou tocar como eles.” Encostei o violão.

Mais tarde, a escrita se tornou minha nova paixão. Eu queria viver disso. Peguei papel e caneta, decidido a criar algo significativo. Mas a cada frase que não caia bem, a página ia direto para a lixeira. 

Mas histórias reais não nascem assim, prontas, sem falhas, no primeiro rascunho. Elas surgem caóticas, com arestas, falhas e lacunas. Crescem quando você se permite dar tempo e atenção. 

Escrever é como plantar uma semente: se você arrancá-la toda vez que não vê progresso imediato, nunca verá a árvore crescer. Não estava escrevendo histórias, estava perseguindo uma utopia.

Foi aí que percebi meu padrão. Meu perfeccionismo era, na verdade, uma utopia mental – a fantasia de criar algo inatingível, onde não existem falhas ou esforço. Parecia um objetivo inspirador, mas na prática, me paralisava. Quanto mais perseguia o ideal, mais ficava preso em frustração, ansiedade e bloqueios criativos.

Essa desconexão com a realidade tinha um custo alto. O medo de errar me fazia procrastinar e me enchia de autocrítica. A energia que eu poderia usar para criar era consumida pela resistência às imperfeições.

Como saí disso? Aceitando que a imperfeição é parte do processo. Mas Calma. Não foi imediato. Não foi fácil. Abrir mão da ideia de perfeição exigiu um esforço constante de me reconectar com o presente e abandonar minhas fantasias e expectativas irreais.

A mudança veio aos poucos. Quando comecei a enxergar o erro como parte do aprendizado, a energia antes desperdiçada na resistência virou combustível para a criatividade. Descobri que a imperfeição não é inimiga da criação – é o terreno onde ela floresce.

E você? Já sentiu que a busca pela perfeição está sufocando sua criatividade? Experimente perguntar a si mesmo: Que energia estou gastando tentando alcançar o inalcançável?

Se fosse o seu professor diria para você: Talvez a verdadeira liberdade esteja em abraçar o que você pode criar agora, mesmo que não seja perfeito.

Escrito por

Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.

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