Quando o “ou” estrangula o fluxo criativo
O escritor e o cursor
Diante da tela, o cursor pisca.
Ele escreve uma frase, lê, apaga.
Escreve de novo, está “quase lá”, e apaga outra vez.
Não é falta de ideia. É medo.
Medo de não ser bom o bastante, de soar comum.
E, entre o “ainda não está bom” e o “melhor deixar pra depois”, o texto morre no rascunho.
Quando o “ou” vira prisão
Sabe quando tudo precisa ser genial ou é lixo? É aí que o fluxo se estrangula.
Sem perceber, transformamos opostos em inimigos: perfeito × imperfeito, inspiração × disciplina, ousadia × prudência e etc.
O problema não é o polo em si, e sim quando absolutizamos um deles.
Quando o “ou” vira regra, o outro lado — que também tem valor — é sufocado.
O perfeito paralisa; o imperfeito dispersa.
Inspiração sem disciplina evapora; disciplina sem inspiração endurece.
Ousadia sem prudência é imprudência; prudência sem ousadia é estagnação.
O bloqueio nasce justamente aí: quando uma força tenta existir sem a outra.
O resultado é entorpecimento, você tenta criar, mas nada pulsa de verdade.
A saída não é escolher o lado “certo”. É reconciliar os dois.
Deixar o “ou” dar lugar ao e.
Criar é lidar com contradições vivas, não com fórmulas fixas.
O escritor da primeira cena não precisava de uma obra-prima.
Precisava de um começo.
De algo imperfeito — e real.
De um rascunho que colocasse o processo em movimento.
Quando nos permitimos isso, o fluxo volta:
ser perfeito e imperfeito,
inspirado e disciplinado,
ousado e prudente.
No centro, os polos viram aliados.
E o fluxo — antes preso — volta a respirar.
Escolha hoje o rascunho. Amanhã, o refinamento.
É assim que o “e” vence o “ou”.
Escrito por @jamesvasques
Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.
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