Me pediram para escrever um texto.

Um texto simples, não precisava ser criativo. Não precisava apresentar uma ideia interessante. Este texto não precisava trazer uma nova perspectiva. Era apenas um texto simples.

Estava passando por um momento difícil. Sentia-me desapontado e decepcionado com acontecimentos recentes.

Essas pedras que surgiram no meu caminho drenavam minha energia, sentia-me sem vontade para escrever.

Quando a dor diminuiu, percebi que estava diante de um bloqueio criativo e que precisaria aprender a lidar com ele. Pois como poderia livrar-me de acontecimentos negativos?

No mesmo dia o meu professor de escrita @sail.diego falou num encontro do grupo que participo: “Se você não consegue escrever sobre o caminho, escreva sobre a pedra no caminho.”

Percebi naquele momento uma perspectiva interessante e me indaguei:

E se, ao invés de negar o que estava sentindo, me abrisse para sentir e escrever sobre o que estava sentindo?

E se, em vez de desviar o olhar da pedra, olhasse para ela diretamente?

E se, ao invés de me deixar ser sugado, deixasse a situação me atravessar?

Embora não me sentisse bem para escrever, achei a ideia interessante, no mínimo bem humorada. Me coloquei a escrever.

Em pouco tempo nasceu este texto que está lendo.

É um texto 10 de 10? Claro que não.
É um texto de tirar o fôlego? Longe disso.

Penso que é um texto que coloca para pensar. É um texto autêntico. Despretensioso. Bem humorado, e principalmente, tudo o que precisava fazer: apenas escrever um texto.

Agora percebo que escrever sobre as pedras que estão caminho não é apenas uma nova abordagem, perspectiva ou técnica de desbloqueio criativo, é sobretudo, uma habilidade que posso desenvolver para compreender e falar sobre o mundo que me cerca.