A essência da realidade é a escassez.
Uma “falta” universal e eterna, que sempre nos persegue.
Jean-Paul Sartre
Hagnar Lothbrok – personagem principal da série Vikings – diz em dada altura da trama que fecharia acordo com o rei inglês, pois queria levar o povo escandinavo para terras férteis.
Como agricultor, sentia na pele o sofrimento de plantar em terras improdutivas. Sem conseguir domesticar a agricultura, resta ao povo lutar, invadir e saquear. Dessa forma, a escassez de alimentos moldava a cultura, religião e os costumes dos Vikings.
A escassez afeta a mente de outras maneiras, na prática clínica psicólogos tratam diariamente a angústia de pessoas que sentem não receber amor suficiente dos pais. Terapeutas cuidam de pessoas que diante da escolha se sentem paralisadas por não conseguirem abrir mão.
A filosofia fala sobre o dilema humano de não conseguir viver todos os amores, comer toda a comida ou praticar todo sexo que gostaríamos.
A SENSAÇÃO DE ESCASSEZ ESTÁ IMPRESSA EM NOSSA EXISTÊNCIA.
O roteirista Robert Mckee ensina que personagens que lutam contra esse conflito conferem mais peso e substância para um filme.
Como comunicadores, usar palavras como “última oportunidade”, “está acabando” e “últimas horas” não significa que estamos entremeando nosso texto com a escassez.
Descontextualizadas essas expressões podem soar falsas, levianas e efêmeras. Publicamos um texto sem coração.
Para escrevermos textos viscerais, precisamos aprender a enxergar de que forma afetamos e somos afetados pela escassez.
Certa vez, um especialista apresentou para sua audiência que se sentiu afortunado quando pôde custear a cirurgia de catarata que um dia sua mãe precisou fazer. O redator desse lançamento foi sensível em relação às preocupações do jovem que ingressa na vida adulta começa a ter.
Para escrever dessa maneira, precisamos nos despir das nossas impressões pessoais e permitir que sejamos impressionados pela experiência de escassez de quem vive outras realidades.
Um coração vivo faz com que apreciemos um texto com mais sabor, textura e substância.
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Inspiração: “Story — Substance, Structure, Style”, de Robert McKee
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