O Orgulho que Impede a Expressão Criativa

O criativo fracassado

O criativo tinha um bom produto.
Empreendeu. Falhou na primeira tentativa.

Era jovem, ainda dava para tentar de novo.
Arriscou mais uma vez. Falhou de novo.

Envergonhado. Evitava falar do assunto com os colegas.

Numa outra oportunidade, empreendeu em silêncio, sem contar a ninguém.
Fracassou mais uma vez. Mas desta vez, ninguém soube.

Até que, em um momento de coragem, levou sua história a um mentor.

O mentor perguntou:

“Você já fez algum curso de empreendedorismo?”
“Não”, respondeu o criativo.

E o mentor disse:

“Nós não aprendemos a empreender apenas empreendendo. Aprendemos a empreender quando aceitamos aprender sobre o próprio empreendedorismo. Está claro para você?”

“Está sim.”

Mas o criativo não se mexeu.
Era como se algo maior o segurasse. E esse algo tem nome: orgulho.

Quando o orgulho cala a voz

Sempre que ouço a expressão ‘isso bateu no ego dele’, penso diferente. Na verdade, foi o orgulho que foi ferido.

O orgulho nos impede de aceitar a realidade tal como é. Obriga-nos a vestir uma máscara para parecer melhor, mais correto, mais evoluído, já que nosso eu real parece, aos nossos olhos, indigno de aparecer.

Assim, o orgulho recusa o processo lento da vida. Ele exige perfeição antes do tempo. Quando isso não acontece, surge a frustração, a vergonha tóxica e, por fim, a desistência.

E quem desiste de se mostrar, desiste também de criar.

Saiba que o orgulho nunca age sozinho. Ele caminha de mãos dadas com a vergonha. E muitas vezes, se investigar bem, perceberá que na raiz da vergonha está o orgulho.

O orgulho não suporta admitir limites, exige perfeição imediata. Quando essa perfeição não acontece, surge a vergonha tóxica que sussurra: “Você não vale nada se falhar. Não se mostre até estar pronto. Se os outros virem suas imperfeições, irão rejeitá-lo.”

O orgulho grita: ‘Não aceito ser visto assim. Se não sou perfeito, não valho nada. Só vou me expor quando estiver pronto.’

Essa vergonha que nasce do orgulho é paralisante.
Fecha as portas da criatividade e nos mantém escondidos atrás de muros invisíveis.
Mas há outra forma de vergonha, bem diferente: a que nasce da humildade.

Ela não destrói, desperta.
É o arrependimento sincero, que nos lembra de que podemos aprender, mudar e nos expor mesmo imperfeitos.

Expressão criativa não é perfeição.
É coragem.
É deixar-se ver, mesmo em processo.

O orgulho cala.
A humildade liberta.

A humildade sussurra. “Eu sou assim hoje, mas posso mudar.”. “Posso me mostrar como sou, sem medo.” “Estou disposto a aprender.”

O orgulho cala, a vergonha paralisa, e a vida criativa se sufoca.
A humildade devolve o fôlego.
Lembra que expressão não é perfeição, é coragem de existir em movimento.

O convite é simples: mostre-se.

Não quando estiver pronto, mas agora, com tudo o que é.
Na sua imperfeição exposta, outros reconhecerão a verdade.
E é nessa verdade que sua criação ganha força para tocar o mundo.

Escrito por

Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.

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