Todos nós passamos anos da nossa vida em um sistema educacional que nos condiciona a resultados rápidos e tangíveis. Foram cerca de 12 anos entre ensino fundamental e médio, onde aprendemos a seguir uma sequência: estudar, fazer provas, ser aprovados.

Imagine: uma sala cheia de estudantes, cada um imerso nos livros, focado apenas em passar para a próxima fase. A pressão era constante.

Pare um instante. Sente-se. Respire fundo. Pense em como esse ciclo ainda te influencia.

Na graduação, para muitos de nós, a mesma estrutura continuou — um ciclo de metas e exigências a serem cumpridas para evitarmos o pior, pagar pelas dependências. 

Esse modelo acaba se tornando um verdadeiro ‘modo de viver’. Nos esforçávamos pelas notas, e, sem perceber, nos víamos presos ao conceito de que aprendemos para ter resultados imediatos. Uma crença se instalou no fundo da nossa mente: “se eu estudar, terei resultados”. Uma promessa que parece familiar e reconfortante, como aqueles clichês tão comuns no mercado digital: “Fature X dígitos em Y dias”. Essa é a armadilha das expectativas irrealistas, um mecanismo que alimenta nossa ansiedade e nos faz buscar por resultados instantâneos. E é precisamente essa lógica que sufoca a nossa criatividade.

Pause um momento. Sinta como a ansiedade que surge dessa lógica consome você.

Quando estamos presos à expectativa de resultados rápidos, não permitimos que nossas ideias amadureçam. Impomos um prazo, uma pressão. A ansiedade toma conta, a frustração surge, e nos vemos tentando forçar a realidade a se curvar às nossos desejos infantis. A criatividade, ao contrário, precisa de espaço, de tempo e, acima de tudo, de paciência para florescer.

Veja bem: desenvolver uma ideia criativa é como plantar um grão de mostarda. Esse grão, aparentemente insignificante, pode se transformar em uma árvore imponente, mas somente se receber os cuidados certos e, principalmente, o tempo necessário para crescer.

Imagine-se agora: você olhando todos os dias para um pequeno grão de mostarda, esperando que ele se torne uma árvore num piscar de olhos. Impaciente, frustra-se porque ele não cresce rápido o suficiente.

Frustrante, não? Mas é isso que fazemos com a gente a todo momento!

Lembro de quando comecei a participar de um grupo de escrita. Eu chegava com a mentalidade do “copywriter”, buscando aplicabilidade imediata, querendo resultados para a semana seguinte. Levei tempo para perceber que estava preso nesse modo de funcionamento. E, honestamente, ainda me vejo tentando encaixar a criatividade em uma agenda de produtividade.

Respiro fundo. Sei que a jornada é longa.

Hoje, busco alinhar meus estudos e meu trabalho com motivações internas. O desbloqueio criativo por meio do autoconhecimento é algo que me move profundamente. É por isso que estou aqui, escrevendo este texto — não para convencê-lo de nada, mas porque isso me fascina. Meu desejo é compartilhar algo que me entusiasma como quem convida meia dúzia de pessoas para se reunirem ao redor de uma fogueira.

Imagine uma fogueira. O calor, a chama que dança enquanto contamos uma história. Eu busco isso.

Por isso acordo cedo, faço meu ritual matinal, leio sobre aquilo que me inspira, aprofundo-me nas ideias dos autores que admiro. Uso minhas mídias sociais e meu blog como um registro dessa jornada. Não estou aqui apenas para cumprir metas. Estou aqui porque quero fazer isso por muito tempo, e acredito que essa paixão, essa entrega autêntica, é o que realmente dá vida à criatividade.

Então, se você se sente bloqueado, talvez seja a hora de repensar suas expectativas. Será que está permitindo que suas ideias tenham o tempo necessário para crescer? 

Dê tempo ao tempo. Cultive suas ideias.

Criatividade não se trata de forçar um resultado, mas de cultivar com paciência, permitindo que o processo siga seu próprio ritmo.

Me conta, você está disposto a dar à sua criatividade o espaço que ela precisa para florescer?