A Autocrítica como Sabotadora da Criatividade
Ana descobriu sua paixão por histórias ainda criança. Seus cadernos eram um refúgio — cheios de mundos inventados, personagens improváveis e criaturas mágicas.
Naturalmente, ela decidiu se inscrever em um curso de escrita criativa para aprimorar suas habilidades. Porém, com o passar dos anos, escrever começou a pesar. As palavras não fluíam mais como antes, e a empolgação de criar deu lugar a um processo doloroso. Vozes em sua mente repetiam: “Isso é clichê demais”, “Não está claro o suficiente”, “Ninguém vai querer ler isso”.
Ana percebeu, com o tempo, que essas vozes não eram dela. Eram ecos de comentários de professores, de amigos que não compreendiam suas histórias, de críticas que se concentravam apenas nas falhas, achando que ajudavam. Ana ficou presa numa espiral de perfeccionismo — relia, reescrevia, apagava. Cada tentativa afastava mais sua criatividade. Ela havia absorvido o julgamento dos outros, confundindo-o com sua própria voz crítica.
Até que, um dia, Ana teve uma ideia: escrever algo que ninguém nunca leria. A única leitora seria ela mesma. Sem regras, sem preocupações com o que os outros pensariam. O resultado? Uma torrente de palavras, cenas e diálogos vieram como uma avalanche.
Ela ria sozinha enquanto escrevia, se emocionava, e pela primeira vez em muito tempo, se sentiu viva com suas próprias palavras.
Ana percebeu que a revisora rigorosa tinha roubado sua paixão. Ao deixá-la de lado, ao ignorar os julgamentos que um dia internalizou, reencontrou o prazer genuíno de contar histórias.
Escrito por @jamesvasques
Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.
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