A Coragem de Ser Imperfeito: Repressão das Tendências Positivas e Criativas

Repressão das Tendências Positivas e Criativas

Minha jornada com a escrita começou com a escrita terapêutica. Comecei escrevendo para mim mesmo. Durante sete anos, registrei pensamentos, emoções, reflexões. Mas nada saía das páginas do meu caderno de revisão diária. Naquele momento, não me reconhecia como um criativo, e muito menos, um escritor. Era apenas um jovem bem intencionado querendo lidar com as suas questões emocionais.

Depois, comecei a escrever para outras pessoas. Primeiro, para um cliente. Depois, para outros. Minhas palavras começaram a circular, mas sem meu nome. Eu estava escrevendo, mas não me expondo, não tinha clareza ainda, todavia, escondia o que havia de mais autêntico em mim.

Só anos depois resolvi assumir minha identidade como escritor. Estudei copywriting, escrita criativa, narrativa persuasiva. Mas algo ainda faltava. Então, me permiti explorar a ficção. Foi quando percebi que sabia muito, e que meu maior bloqueio não era técnico. Era medo. Medo de me expor. Medo de expor o que tinha de melhor.

A Coragem de Ser Imperfeito

Criar algo e compartilhar com o mundo é como abrir uma porta e deixar que olhem para dentro. Mas, se passamos tempo demais fechando essas portas, reprimimos nossa própria essência. Esse medo pode se disfarçar de várias formas: a procrastinação que nos convence a adiar nossos projetos, o perfeccionismo que nos paralisa, fazendo-nos refazer e refazer, sem nunca terminar, a autocensura que nos impede de tentar, porque e se não ficar bom o suficiente?

E assim, sem perceber, vamos empurrando nossa criatividade – e o nosso melhor – para o fundo da gaveta. Mas ela não desaparece. Continua ali, esperando o momento em que seremos corajosos o suficiente para deixá-la sair. O problema é que nos convencemos de que esse momento só virá quando estivermos prontos. Mas quando, exatamente, é isso?

Se existe algo que destrói a criatividade, é a ilusão de que precisa estar perfeita para existir. Quantas ideias brilhantes nunca viram a luz do dia porque alguém pensou não está bom ainda? Quantos textos foram apagados antes de serem lidos? Quantos talentos foram reprimidos antes mesmo de serem explorados? Mas a verdade é que o processo criativo é imperfeito. Escritores reescrevem. Pintores refazem. Músicos erram notas. O erro faz parte do caminho. A vulnerabilidade faz parte da expressão. E quem não aceita isso, nunca se permite criar de verdade.

Talvez você não escreva. Talvez seu bloqueio esteja em um projeto que nunca começou, em uma ideia que sempre guarda para depois, em algo que quer dizer, mas não diz. Quantas vezes você segurou uma criação por medo do que os outros iriam pensar? O que você deixaria fluir se não se preocupasse em ser perfeito? O que dentro de você está pedindo para ser expressado?

A repressão criativa é silenciosa. Ela não impede você de criar – apenas faz com que adie, corrija, esconda. Até que, um dia, você se convence de que nem vale a pena tentar. Mas e se você tentasse? Criar é se expor. É aceitar que nem todo mundo vai gostar, que nem sempre será perfeito, que às vezes falharemos. Mas também é a única forma de deixar algo genuíno no mundo.

O que há de mais bonito na criatividade não é a perfeição. É a verdade. Então, publique, pinte, escreva, fale. Não porque está pronto, mas porque é real. Porque a criatividade não sobrevive na sombra. Ela precisa de luz.

E essa luz nasce da coragem de ser quem você realmente é.

Escrito por

Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.

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