Me sentia improdutivo, com a mente vazia e incapaz de escrever sequer uma única linha. Envolto em acontecimentos recentes, me sentia profundamente desapontado. Entretanto, na semana seguinte, em um outro estado de espírito completamente diferente, um fluxo de ideias para textos e ações a serem tomadas inundou minha mente.

Foi então que compreendi que, ao fixar minha atenção no que me faltava, as ideias se esquivavam, mas quando encontrava gratidão pelo que já possuía, as ideias emergiam em minha mente.

Não pretendo aqui pregar positividade tóxica ou apresentar uma fórmula simplista de gratidão. Venho simplesmente destacar que, muitas vezes, a chave para desbloquear a criatividade pode residir em alguma forma de autoperdão, ou mesmo, em nossa capacidade de deixar para lá aquilo que fizeram conosco e ainda nos aflige.

Quando nos libertamos da necessidade de punir aqueles que nos feriram, não é apenas o agressor que encontra a libertação, somos nós também. Quando deixamos para trás a amargura e a autocomiseração, abrindo espaço para o perdão e a compaixão, a transformação é desigual. E em cada troca, nos aproximamos ainda mais da serenidade que nutre nosso poder criativo.