“A Voz na Plateia”: Dialogue com os seus Medos
Escrevi um texto. Reli. Ajustei. Mudei frases. Antes de publicar, parei.
Uma voz se ergueu, como um sussurro vindo do fundo de uma plateia escura:
“E se ninguém ler?”
“E se acharem ruim?”
“E se rirem de mim?”
O silêncio se instalou. Minhas mãos pairaram sobre o teclado. No dia seguinte, voltei ao texto. Fiz mais ajustes. Mas a voz da plateia continuava lá, implacável. Então, deixei de lado.
Percebi que aquilo não acontecia apenas com esse texto. Sempre que criava algo e chegava o momento de expor, a voz aparecia. Não importava o quanto eu tivesse revisado, o medo do julgamento encontrava um motivo para me convencer a esperar mais um pouco.
Mas esperar até quando?
Então, fiz um teste. Em vez de fugir da voz, resolvi escutá-la. Peguei um caderno e escrevi tudo o que ela dizia.
“Seu texto não está bom o suficiente.”
“As pessoas vão julgar.”
“Você não é tão talentoso quanto imagina.”
E, pela primeira vez, vi aquelas palavras fora da minha mente. No papel, elas pareciam menores. Mais frágeis.
Então, respondi.
“Seu texto não está bom o suficiente.”
— Talvez não esteja perfeito, mas é melhor do que não existir.
“As pessoas vão julgar.”
— Sempre julgam. E daí? Algumas vão gostar, outras não. Isso faz parte.
“Você não é tão talentoso quanto imagina.”
— A única forma de descobrir é continuar criando.
Foi assim que percebi: essa voz não era um inimigo. Ela carregava ecos de antigas inseguranças, aprendidas na escola, no olhar dos outros, na necessidade de aceitação.
Mas agora, eu tinha escolha. Eu podia ouvir sem obedecer.
Se você já sentiu essa voz sabotando suas ideias, experimente fazer o mesmo. Escreva o que ela diz. Veja seus medos fora da sua cabeça. Depois, responda.
Porque medo ignorado cresce. Medo reconhecido enfraquece.
E toda vez que você age apesar dele, ele perde um pouco mais do poder que costumava ter.
Escrito por @jamesvasques
Publicitário, copywriter. Escreve sobre criatividade, autoconhecimento e comunicação.
Publique um comentário: